quinta-feira, 18 de junho de 2009

Cinematografia



Estive a rever fotogramas do rosto da Jeanne e do carteirista de Bresson e acho que o que lhes encontrei que tanto me fascina, nos rostos e nos diálogos secos, nos gestos comedidos... que para mim fazem com que a cena final resulte tão bem, o que me fascina neles é aquilo de que um temperamento como o meu sente falta - algum ascetismo! Desejo de prescindir exteriormente para viver mais interiormente. Talvez porque sinta que se me der mais a esse desejo, a essa contenção almejada e não forçada, suporte melhor a tua ausência e te ame melhor.Talvez seja esse desejo algo acalentado em segredo, embora nem sempre alimentado, que se reflicta nos trejeitos de donzela do meu rosto, por vezes. Nada tem a ver com pretensa pureza, antes com o desejo de grandeza na espera. Se te espero e docemente, como posso não ser uma donzela? E se tu vens e mais forte e determinado após a ausência, como podes não ser o meu [i]caballero[/i]? Parece-te fantasia tudo isto? Quando o sinto, é quando te trago em maior sossego dentro de mim. Será o desejo de algum ascetismo num mundo de acesso fácil ao prazer assim tão despropositado?