terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Dos momentos

Leio os teus textos a partir do número um, e tal como a vida, e tal como um romance, descubro sempre novas perspectivas, novas mensagens entrelinhas, rosto reconhecido de um rosto outrora estranho que te escreve dos seus olhos grandes... encontro poemas do tempo em que eram novos para mim e entretanto já calcorreados por mim, encontro ideias e sentimentos expressos como espuma nova que já tanta vez refluiu depois daquele momento e daquele outro e de mais aquele. Viveu-se mais para além dos registos mas sem eles não se viveu. Ocupam espaço. Descubro, afinal, que te leio um pouco melhor e que fazes mais sentido em cada um dos momentos pelo que lhes seguiu e pelo que lhes antecedeu. Só se levanta o véu do sentido do que vive quando perdas e ganhos já estão arquivados, quando o medo e o anseio já não podem tolher-nos a visão - já não têm serventia nenhuma e nenhuma tiveram afinal senão a de nos fazer viver menos momentos. Se não fosse a tua teimosia em manter o Castelo de pé, eu não teria este momento. Guarda-os bem. Assim vivos vindos à praça. Sinal de que ainda vivo contigo além do sábio registo, ainda sonho com um absurdo momento presente junto a teus dedos ledos.

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