quinta-feira, 2 de julho de 2009

Nós também reparamos na caça grossa

Estive cá a matutar com os meus botões, a procurar lembrar-me de paixões avassaladoras, daquelas que se cozinha como a mousse Alsa, passo a publicidade em nome do imaginário de toda uma geração, que se inventa com estranhos com quem nos cruzamos na rua, quase de relance, fenómeno que, estou em crer, sucede com muito maior frequência com os homens quando se cruzam com belas desconhecidas (que me perdoem os homossexuais a discriminação, tal prende-se momentaneamente com a necessidade de reduzir o pensamento a um estereótipo, já que daqui não sairá nada de criativo e original). Não precisei de pensar muito, esse fenómeno só sucedeu comigo em duas ocasiões. Lembro-me perfeitamente dos locais e das circunstâncias em que a Vontade não superou o desejo de contemplar os belos que por mim passaram, e lembro-me que eram particularmente belos, altos e espadaúdos, bem vestidos e de olhar inteligente e indiciando bom carácter (fosse esse o caso ou não - nunca o pude confirmar). Na primeira situação tive mesmo de girar o pescoço para lá do que é socialmente aceite vindo o gesto de uma mulher que aprecia a beleza encarnada da masculinidade. Da segunda vez, e de novo atraída pelos fortes atributos que me deixaram siderada da primeira vez, fui mais longe, já que o jovem cavalheiro de ar distinto se fazia acompanhar, no Passeio Alegre, de um belo cachorrinho, pretexto por mim usado até ao limite da decência para prolongar aquele doce encantamento. Desta vez o estranho sorriu-me por momentos quando os nossos olhos se cruzaram "casualmente", já que os dois seguiamos o bichinho, cada qual em sentido oposto ao do outro, quase na dinâmica do anúncio do Impulse. Quase! Eu não tinha flores para lhe oferecer. Em ambos os casos corei até às orelhas, o calor que senti atestou-me da veracidade do que pensei e aqui escrevo. Desde esses momentos mágicos, nunca mais repetidos, que me pergunto se é assim com essa força toda que os homens se torcem na rua para olhar uma mulher bonita que passa, mesmo com a mãe, a namorada ou a mulher ao lado. Eu, por mim falo, só me deixo assim acorrentar a esse impulso irracional, mas irresístivel, quando o homem em questão reúne atributos físicos excêntricos e um ar de corresponder por dentro ao desejo forte que instigou a sua figura.

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