Vivo! Viver não é uma opção - impõe-se-me. E como vivo, não me surpreende que sofra. Tudo que de mais encantador possuo sem estar preso a mim, é uma dor, vivo-a tinjo-a de todas as cores que contenho, com a certeza triste e ressabiada de que amanhã restará na minha carne, hoje rosada, um espinho morto, esfarelalado, solvido, olvido do tempo em que vivi. O tempo que me roubavas, as tardes furtadas e as manhãs ausentes, as noites frias e os poentes adiados, vivo-os agora a todos, esquivando-me livre ao tempo em que dividias. Una! Só esta dor de não saber quanta mais sou capaz de conter por te saber homem pequeno, mesquinho, cobarde. Encerro a tua cor com a minha num pote que só assim apertado recebe o que mais importa das nuas vidas do nosso amor - nele escorro, destilo a tua e a minha dor e nelas me comprazo. Fel e mel misturam-se e revolvem-se numa massa que deixará de ter nome e sabor. Até lá, vivo!
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